quarta-feira, 19 de abril de 2017

DUAS SEMANAS – O FILME

DUAS SEMANAS – O FILME
            Minha amiga Carina resume numa frase o que a maioria de nós um dia vai passar: Tia Paula, enterrar a mãe é foda! E é mesmo. E eu digo uma frase que é um pitel quando o assunto é rir da desgraça alheia: Pimenta nos olhos dos outros é refresco!
            E foi juntando essas duas coisas que o diretor Steve Stockman fez um filme pra rir, gargalhar e chorar sobre quatro irmãos que se reúnem para cuidar da mãe moribunda e que tem apenas duas semanas de vida.
Partindo dessa premissa, desenrola-se uma sucessão de pequenos dramas que longe de enternecer o espectador simplesmente faz com que ele ria da desgraça alheia. Anita, a mãe, tem os dias contados e sabe. Ela faz seu testamento em vida, doa coisas para cada um dos rebentos e faz recomendações.
A filha sabe exatamente o que vai acontecer nos vários estágios da doença, pois todos os livros de auto-ajuda sobre mortes por doenças terminais foram comprados e lidos. O filho mais velho começa a fazer um documentário sobre a mãe; o filho do meio... bem, ele encontra a colcha de cama de cowboy, enquanto troca a roupa de cama da mãe; o caçula sente-se um injustiçado e tem um esposa intragável.
Diferente da maioria dos filmes sobre família e entes queridos a beira da morte, Duas semanas não se prende a mágoas, segredos de família, raiva, ressentimentos ou roupa suja a ser lavada, o filme mostra o sentimento e senso de dever desses quatro filhos para com a mãe a beira da morte.
O cotidiano é permeado por plantões noturnos, vômitos, remédios, jantares familiares, corridas no meio da noite e os netos que vão se despedir da avó moribunda.
E no meio de todas essa confusão, tem o marido de Anita, Jim, padrasto dessa turma que foi simplesmente ofuscado por esses filhos zelosos e que em um dado momento do filme não se aguenta e reclama que simplesmente está sufocado pela atenção deles e que a ele foi negado o direito de conviver com a mulher amada esses últimos momentos.
Há cenas engraçadas e ternas. Uma das cenas mais tocantes é um dos últimos jantares que Anita participa em que ela manifesta o desejo de comer costelinha ou como eles se acostumam a vigília noturna com a ajuda de um Nintendo;  Anita com os netos e ainda a penumbra que vai tomando conta da casa à medida que a doença vai tomando o corpo da mãe, até a quase completa escuridão quando ela entra em coma.
Não é diferente também o modo como Anita se despede do mundo. É de rolar de rir a noite em que ela morre e de como os filhos se apresentam no dia do funeral.
O final não tem dramas ou grandes lições altruístas e muito menos moralizantes; só a sensação de devoção e dever cumprido para com a mãe por parte dos filhos.

Segue abaixo o link do trailer. Divirtam-se!

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Fé em si mesmo

E tem um gordinho (isso é eufemismo, porque ele é IMENSO!) nas redes sociais pedindo orações e compartilhamento do vídeo dele para conseguir verba pra fazer um tratamento para emagrecer.
Se parente dele eu fosse eu daria duas sugestões: primeira, começar uma dieta cortando tudo o que ele come pela metade. E começar a mexer o corpo mesmo sentado. Vi uma vez, um desses ex-gordinhos que viraram fitness contando que ele era tão gordo, mas tão gordo que  vivia deitado numa cama e deprimido, entao pra passar o tempo ele começou a bater palmas enquanto assistia a uma aula de ginástica pela tevê. Nessa brincadeira ele conseguiu emagrecer e começou a levantar da cama.
Segunda sugestão: fazer uma vaquinha virtual, que eu tenho certeza que muita gente ajudaria, porque a impressão que ele passa é que a bariátrica vai resolver a vida dele. E quem já fez ou convive com uma pessoa que faz esse tipo de cirurgia sabe que o buraco é muito mais embaixo.
Por fim, o que ele precisa é encontrar é fé nele mesmo e principalmente força de vontade. Porque a oração dos outros não vai fazer ele emagrecer, no máximo as pessoas irão se compadecer dele e fale frases de autoajuda.
P.S. Esse é um post maldoso, eu sei. Por isso não postei lá naquela rede social que começa com F.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

                Todo mundo sabe que eu adoro ler e que geralmente eu não compro os grandes lançamentos do momento, principalmente por serem caros e às vezes, feito para agradar todo mundo e ser um sucesso fácil. Meu negocio quando entro na livraria é a estante da promoção e dos livros de R$10,00.
                Foi exatamente na estante dos dez reais que comprei Os Adoráveis de Sarra Manning, que se vende como uma historia de amor entre Jeane Smith e Michael Lee, dois opostos que se atraem, se repudiam e falam o que tem de falar na cara um do outro. Mas Os adoráveis é muito mais que isso: é sobre ser diferente e se orgulhar disso, sobre ter o mundo da tecnologia e da internet aos seus pés, sobre liberdade e emancipação e sobre o amor – aqui de todos tipos – e principalmente sobre o que é ter e ser família.
                Jeane sabe desde sempre que foi concebida para tomar o lugar do irmão, que seus pais não a amam, não por maldade, mas muitas coisas aconteceram dentro da família e que ela não pode contar com eles, embora seu pai vá visitá-la de quatro em quatro meses para ver como andam as coisas e sua mãe viva escondida no Peru com a desculpa de fazer uma pesquisa cientifica e telefone para ela religiosamente todos os domingos, sete horas da noite e Jeane fique apenas irritada com a conversa que elas têm nesse momento. Mas pode contar com Bethan, sua irmã mais velha que mora em Chicago que se mudou para outro país com a promessa de Jeane limpar o apartamento e comer verduras pelo menos uma vez por dia e claro, terminar a Qualificação. Jeane ama a irmã, mas ama muito a sua vida de blogueira e criadora de tendência.
                Jeane e Michael se conhecem e se detestam, mas depois que ele a beija em um momento irritante para fazer com que ela calasse a boca, seus lábios nunca mais se desgrudaram e isso choca os dois. Porque eles não têm nada em comum a não ser dois ex que agora estão juntos.
                A graça do livro está em colocar um casal que se odeia e acaba se apaixonando para discutir temas muito relevantes e caros ao século XXI: tecnologia, mundo virtual versus mundo real, a geração Y, que determina tendência o que empresas vão criar para esse público, ser autêntico em uma fase da vida onde quem manda é a turma, a falsa sensação de termos muitos amigos nas redes sociais, mas quando a necessidade aperta se vê sozinha na véspera de natal e a desconstrução de conceitos de que não precisamos da família, o que na verdade é uma grande balela. E Jeane descobre isso em um incidente aparentemente banal, mas faz com que ela comece a questionar sua vida e seu estilo de vida.
                O livro é desprentencioso, mas com diálogos inteligentes, sarcásticos e divertidos. Os diálogos entre Michael e Jeane são os melhores. Imperdíveis também são as divagações tanto dela como dele, bem como as descrições das roupas inacreditáveis que ela usa. É uma leitura tão bacana que quando percebi que estava terminando fiquei triste e comecei a economizar o livro, mas não teve jeito. A leitura de Os Adoráveis chegou ao fim e eu louca pra recomendar o livro pra todo mundo.
Leiam e me contem se gostaram depois.

                

domingo, 29 de setembro de 2013

Maionese, comidas exóticas e minha mãe

                Cresci em uma casa onde maionese só entrava quando no almoço de domingo tinha visita e a visita tinha que ter um alto conceito com minha mãe, pois ela fazia uma salada russa – maionese com beterraba - que eu e meus irmãos comíamos ajoelhados de tão gostosa que era.  Leite condensado, doce de qualquer espécie e até mesmo um refrigerante era coisa especial que só entrava em nossa casa no fim de semana ou em dia de festa. É verdade que eram tempos difíceis, mas muito mais que questão de grana, minha mãe primava pela saúde e por comidas saudáveis. Meu pai nunca (nunca mesmo!) comeu um MacDonald, não gosta de pizza e nas poucas vezes que comeu um cachorro-quente reclamou horrores daquela salsicha esquisita.
Até hoje os únicos doces que  minha mãe aceita em dias normais são rapadura, goiabada e o marrom glacê da lata ou do pacotinho, mais do que isso, só com autorização de dona Dasneves.
                Meus pais são nordestinos, ele cearense, ela do Maranhão e adeptos da comida de verdade, então as comidas que a maioria das pessoas acha exótico, em minha casa é motivo de festa. Quer um exemplo? No aniversário da minha mãe e do meu irmão – eles aniversariam no mesmo dia - o prato principal da comemoração foi a língua de boi assada no molho apurado que minha mãe faz. A família inteira caiu matando, quer dizer, as cunhadas e afins dispensaram e fizeram cara de nojo. Para esse grupo minha querida mãe tem sempre um franguinho à posto para quem não curte essas comidas típicas.
                Mas voltando ao quesito maionese que foi isso que me motivou a escrever esse texto, quero dizer que amo de paixão, mas tenho poucas oportunidades de saboreá-la. Não como maionese na rua, morro de medo de passar mal então fica restrito aos almoços na casa dos amigos e se eu der sorte da anfitriã ter feito a tão formidável salada. Coisa que raramente acontece. Lembrei disso enquanto fazia um sanduiche pra matar a fome do domingo à noite com umas sobras do frango assado da padaria, coisa que eu adoro. Enquanto eu abria metade de um pãozinho lembrei que cairia bem uma maionese, mas lembrei que isso era algo que não pertencia a nossa casa. Fui lá então colocar um fio de azeite extra-virgem como aprendi que é mais saudável e acompanhado de um suco de manga como a mamãe me ensinou. Comida de mãe é realmente uma coisa maravilhosa!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O caso do para-brisa



Eu tinha prometido que não iria partilhar essa história, mas não resisti, então aí vai ela!!
Segunda-feira levanto e vou fazer o que se faz todo dia: trabalhar. Junto minhas tralhas e entro no carro, dou partida, manobro e percebo que o para-brisa, do meu carro está imundo; o que faço então? Ligo o limpador para jogar uma água no vidro e limpar a sujeira para que eu pudesse ver o dia lindo que se estendia diante de mim. Qual não foi minha surpresa ao ouvir um barulho cortante de vidro e olho pra frente e vejo que do limpador do para-brisa só tinha as hastes metálicas! Alguém muito inspirado roubou as palhetas. Além do susto, me veio a raiva do FDP que fez aquilo e a frustração de saber que com certeza iria me doer no bolso, coisa que realmente aconteceu.
Liguei na autorizada pra saber o valor das novas hastes: R$90,00 e não havia cobrança para a instalação, achei o preço salgadíssimo, mas tive a ideia de ir também no setor H Norte de Taguatinga, onde se localizam lojas e oficinas automotivas, na segunda loja em que entrei consegui comprar e dentro de mim dei pulinhos de alegria: a coisa só me custou R$38,00 e fui toda feliz pro meu amigo Beto instalar. Só que quando cheguei lá ele olhou e me disse que aquela não era a palheta certa para o modelo do meu carro. Respirei fundo e voltei na loja, conversei com o vendedor dizendo que aquela não era a haste indicada, ele tentou argumentar, mas sem alternativa me devolveu o dinheiro, me indicou outras lojas e lá fui eu! Visitei seis lojas e nenhuma delas tinha o bendito modelo de palheta. Me resignei que tinha que comprar na autorizada, e terça-feira à tarde lá estava eu na concessionária para comprar. Cheguei no setor de peças dei meu sorriso mais bonito e falei:
- Boa tarde! Por favor, eu gostaria de comprar as palhetas do limpador de para-brisa do meu carro.
- Qual o modelo, senhora? - pergunta o vendedor
- Fiesta Rocam modelo 2012/13 - eu respondo.
Ele procura no computador se volta pra mim:
- Silicone ou borracha?
- Aí você fez uma pergunta difícil! - eu disse - Não faço a menor ideia!
- A senhora veio no carro?
- Sim - respondo e mostro onde o carro está.
Ele então se levanta vai lá, olha e pergunta:
- Onde estão as velhas?
No que eu respondo:
- Meu querido, não tem velha, elas foram roubadas! Por isso eu estou aqui comprando novas!
No que ele coça a cabeça, abre os braços e pergunta:
- Uai?!? Então como é que faz?
Gente, eu juro que na hora vi tudo vermelho! Respirei fundo e disse pro cara:
- Não! Você tá de sacanagem comigo! Eu estou na autorizada do fabricante do meu carro e você não sabe o modelo de palhetas adequado pra ele? Pelo amor de Deus, amigo!
Ele me olha com cara de quem não sabe o que fazer, então volta pra mesa, mexe no computador e resmunga algo do tipo "acho que é essa aqui, vamos ver..."
Claro que eu ainda pedi desconto no que ele prontamente me deu e ainda dei uma chorada pra ver se o valor poderia ser maior, mas não colou. Paguei e um dos consultores instalou as palhetas, coisa de trinta segundos. Além de saber o que estava fazendo o técnico era super simpático e não acreditou quando eu contei o que havia acontecido com  os limpadores. Quando tudo terminou meus limpadores de para-brisas estavam no lugar, eu estava satisfeita, morta de calor, louca por um banho e rindo horrores da cara do vendedor sem saber o que fazer sem o modelo para comparar. Nessas horas eu penso que viver é tão divertido quanto dolorido, a gente chora por alguma coisa e logo depois está rindo sobre ela. Acho que é por isso que vale tanto à pena estar por aqui. 

P.S. Esse post vai especialmente pra Danieli Batista, que quer deixar de ser médica pra ser roteirista de sitecom!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Titã Merv Griffin


Ontem assistindo Titãs (Discovery Civilization, Net 86), conheci um dos percursores do talking show e dos jogos na televisão: Merv Griffin. Provavelmente muitos de nós nunca ouviram falar desse cara, mas sua história é tão empolgante que merece ser contada e conhecida. Apaixonado por palavras cruzadas, trívias e caça-palavras, Merv sempre acreditou que a televisão deveria ter programas inteligentes e que não substimassem a inteligência de seus telespectadores.
Por acreditar nessa premissa teve vários programas rejeitados ou quando começava a querer tomar as rédeas de seus programas estes eram cancelados e Merv demitido. Ele percebeu  que não teria chances nas grandes emissoras; começou então a produzir seus próprios programas e vende-los a pequenas estações espalhadas pelo país. Em pouco tempo seu programa de entrevistas era um sucesso e só então ele cogitou voltar para a CBS, mas com liberdade total sendo o diretor criativo de seu show e ganhando o maior salário já pago a um apresentador.
Merv não era um simples entrevistador, ele tinha um grande respeito por todas as pessoas com quem iria conversar e sempre conseguia deixá-los à vontade; ele foi o primeiro a entrevistar Martin Luther King, quando todas as emissoras tinham medo de ofender seus telespectadores brancos e classe média. Merv não só o entrevistou como lhe perguntou o que ele fazia para se divertir numa cidade tão exuberante como Nova York. Durante a entrevista o dr. King sorriu e descontraidamente respondeu-lhe a pergunta. A entrevista foi um sucesso estrondoso tanto para Merv com para o dr. King.
Entrevistou Orson Wells dias antes do lendário diretor morrer. Na ocasião Wells lhe disse que se sentia inspirado e que aquela seria a oportunidade de Merv fazer todas as perguntas que sempre quis fazer, e ele - Wells - iria responder. O apresentador não se fez de rogado e perguntou tudo que ele e o público queriam saber ao marido de Rita Haywort.
Merv Griffin ganhou dezessete Emmys, o Oscar da tevê americana, entrevistou mais de vinte e cinco mil pessoas em seu programa, entre elas Tom Cruiser, Jerry Seinfield e Ronald Reagan. Quando decidiu encerrar sua carreira na televisão ele simplesmente disse que não havia mais ninguém interessante para ser entrevistado. Ele se desligou do show business e foi atrás de novos desafios: virou empresário do ramo hoteleiro comprando o tradicional Beverly Hills Hilton Hotel e criador de cavalos de raça chegando a ganhar um torneio nacional.
O apresentador morreu em agosto de 2005 de câncer na próstata e ao ganhar seu último Emmy ele disse que em sua lapide deveria constar a seguinte frase:
"Não volto já depois dos comerciais!"

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Navegando virtualmente

Antenado com o seu tempo e sensível ao deslumbramento das pessoas acerca das novas tecnologias e principalmente com a recém descoberta internet, Gilberto Gil dá a sua versão de como as coisas estão acontecendo com esta nova ferramenta e o que pode acontecer quando o mundo está ao toque de um clique.
Claro que a música também em alguns momentos já está obsoleta; a maioria das crianças já não sabe o que é um disquete que foi substituído por pen drives bem menores e com maior capacidade de armazenagem de informação e muito mais fácil de ser transportado.
No mais, tudo que Gil canta acontece: a união de pessoas de diferentes países em torno de determinado assunto, a transmissão de notícias e fatos em tempo real não importando a distancia que nos separa.
Se Gil escrevesse hoje essa canção com certeza não faltaria na letra o advento das redes sociais, os celulares que são mini-computadores equipados com câmeras e acesso a internet a ascenção e queda do Orkut, a quantidade de blogs e páginas pessoais e a webpage da vez: o Facebook. De resto, tudo ainda está com ele canta  e a navegação pela infomaré continua de vento em popa!

NUnca ouviu Pela Internet? Olha ela aí:




P.S. Esse texto foi escrito para um trabalho do Curso Proinfo/2012 da SEE-DF. A tutora mostrou que não haveria problemas em fazer as postagens em um blog já existente.