quinta-feira, 31 de março de 2011

MULHER 3D

Há muito deixei de assistir e acompanhar Big Brother e outros reality-shows, porque sinceramente, acho minha vida bem mais divertida do que aquele povo confinado querendo mostrar o que não é. Mas isso não vem ao caso, o que eu quero falar aqui é sobre o vencedor ou melhor a vencedora do BBB 2011, a Maria. Ela é bonita, articulada e esperta e Deus sabe como conseguiu a simpatia do povo de casa (pra não dizer as mulheres de casa, porque quem assiste ao BBB e principalmente vota no programa do Bial é a mulherada) e saiu vencedora.
No começo ouvia os comentários das colegas e nas páginas de notícias da internet, havia sempre uma notinha. E as histórias eram sempre as mesmas de como a Maria era ousada, de como chegava chegando nos caras, aliás, no MauMau e de como aquilo assustava o coitado do cara e que não se intimidava ou recuava diante das negativas dele. Fiquei curiosa em conhecer essa pessoa e lá fui eu escarafunchar. Não foi preciso procurar muito, as noticias pipocavam e Maria era manchete por seu comportamento, digamos fora dos padrões. A mais completa delas veio em uma matéria do programa Mais Você, nele Ana Maria fez um perfil completo da moça, chamou a mãe, entrevistou os amigos e surpresa, descobriu-se que o jeitinho de ser dela foi herdado e estimulado pela mãe que não se fazia de rogada em ir atrás do que queria.
Por mais que nosso mundo caminhe para uma paridade de gêneros, a maioria das pessoas estranha e olha torto para a mulher que não se faz de rogada e vai atrás do que quer no campo sentimental e sexual. Nesses três meses de BBB ouvi toda espécie de adjetivo para a Maria: fácil, vagabunda, prostituta, entre outros ou comentários do tipo: Como ela se presta aquele papel? Ou: ela não tem vergonha na cara? E confesso que numa das vezes em que vi o programa o MauMau gritava com ela dizendo que não queria ficar com ela e que entre eles não haveria nada. E pra fechar com chave de ouro, depois da discussão ele comentava com um amigo da casa que jamais namoraria uma menina como ela, porque garotas como ela não foram feitas para namorar ou casar. Um primor de frase machista e preconceituosa.
Trabalhei com uma colega que não se fazia de rogada, quando chegava alguém na escola e ela se interessava, ela partia pra cima e sempre se dava bem. Não precisa dizer que ela era motivo de chacota na sala de professores. Uma vez não resisti e falei que elas estavam com inveja da coragem da moça que não esperava acontecer e já armava a jogada. E era isso mesmo.
Mas que valorização é essa?  Somos seres com dúvidas, desejos e aspirações, sentimos tesão, temos fantasias sexuais (eu tenho!) Muitas de nós, senão todas, queremos uma noite de sexo quente e gostoso com o bonitão da festa. Mas a nossa coragem se perde no meio do caminho quando começamos a pensar nas consequências: e for rechaçada, o que ele vai pensar de mim? A diferença entre nós mulheres comuns e essa corajosa é que ela não pensa e já parte para a ação. Esse comportamento de pegadora assusta e faz muito homem brochar, pois eles não estão acostumados a isso. Mulheres ousadas, cientes de sua própria sexualidade e que não temem mostrar isso para quem quiser são personagens que começam a se tornar comum na nossa sociedade. E as que dão a cara a tapa estão sempre preparadas para os comentários maldosos que surgem. O que não quer dizer que não magoa, magoa e muito. Nós mulheres somos múltiplas: mãe, filha, namorada, profissional, amiga, amante, tudo junto e ao mesmo tempo, por que não podemos alardear esse poder que nos foi dado?
Quando descobri que a Maria estava na final do programa secretamente torci para ela, mas sabia que era praticamente impossível ela sair vencedora, a moça dos três D: Disposta, Disponível e Desinibida arrebanhar 1,5 milhao de reais? Duvidei. Mas ela convenceu e levou. E bateu candidatos fortíssimos: Daniel, a minoria gay e o Weslley, o doutor bom moço e TDB. Acredito que por essas e outras o mundo pode se um lugar melhor. Viva Maria, ela merece!!!!
Até a próxima.


P.S. Tudo isso me faz lembrar a música da Rita Lee, PAGU que diz exatamente o mix que é ser mulher:

“Minha força não é bruta Não sou freira Nem sou puta... Porque nem! Toda feiticeira é corcunda Nem! Toda brasileira é bunda Meu peito não é de silicone Sou mais macho Que muito homem”



quinta-feira, 10 de março de 2011

*Retrato de Família



Leon Tolstói afirma em seu livro Anna Karenina[1], que todas as famílias felizes são iguais e as infelizes são cada uma infeliz a sua maneira. Um dos meus filmes favoritos se chama Feriados em Família que narra a história de uma família que se encontra no feriado do dia de Ação de Graças que rende boas gargalhadas e cenas emocionantes. Além do mais, sou canceriana, o signo mais família do zodíaco. Não precisa dizer que adoro o Natal e amo meus aniversários, são momentos maravilhosos para juntar a família.
 Por  tudo isso quero aqui falar e mostrar as delícias e a graça de uma parte da minha família que se reuniu para comemorar o aniversário de oitenta anos do meu tio Tomaz. A festa foi absolutamente inesquecível. A reunião começou na quarta-feira quando chegamos e seguiu na quinta e sexta-feira com a chegada dos irmãos e outros parentes. Sem falar nos filhos, netos, sobrinhos e aderentes do aniversariante.
                Particularmente vejo com muita desconfiança pessoas que não participam ou não gostam de eventos familiares mesmo a contragosto. Família, mesmo aos trancos e barrancos é tudo de bom!  Há aqueles parentes que a gente ama, outros que não toleramos, as fofocas, as histórias e as situações impagáveis que viram lembranças e assuntos para as próximas festas e encontros.



                Conheci um monte de primos que não fazia ideia que existiam, revi outros que fazia anos não encontrava. Revi um antigo amor e me emocionei, e que bom saber que o tempo passa, a fila anda e nos tornamos pessoas melhores e diferentes. (graças a Deus!)
                Tudo foi perfeito: a missa, o almoço, o churrasco, a hora do parabéns, a reunião familiar. Foram muitas gargalhadas, muita cerveja, uísque[2], água de coco, peixadas, banhos de mar e principalmente beijar, abraçar, conversar e conviver com o aniversariante, meu tio Tomaz, homem sábio, sensível e muito amado, que aos oitenta anos encanta as pessoas ao ponto de fazê-las se deslocarem mais de dois mil quilômetros só para estar com ele.



                Costumamos muitas vezes não valorizar esses momentos, todo mundo junto, os micos e alguém lembrando o quanto você era feio, mais magro ou quando você não bebia, o que fazer? Entre no clima e não seja o único a ser sacaneado, sacaneei os parentes também, você vai ver que a farra vai ser ainda melhor. Se não entrar no clima você será lembrado como aquele parente chato de nariz empinado que não se diverte nas festas ou nunca aparece.
Pra encerrar quero citar uma frase que a prima Yana, uma garota linda e super descolada falou ao se definir, e escrevo aqui para definir família: “Família é baião de dois com ovo frito, tudo misturado e servido na baixela de prata.”
E é isso mesmo: Simplicidade revestida de sofisticação.
E para mostrar que tudo aconteceu, posto um dos vídeos da festa. Pra rir e chorar e se divertir, igualzinho como acontece nas famílias.

               




*Esta crônica foi escrita em Outubro de 2010, mas só agora veio para o blog.
[1] Comecei a ler três vezes, em todas não saí da página três, desisti. A frase em questão abre o livro.
[2] Meu pai e meus tios acabaram com o estoque da bebida na cidade.