sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O caso do para-brisa



Eu tinha prometido que não iria partilhar essa história, mas não resisti, então aí vai ela!!
Segunda-feira levanto e vou fazer o que se faz todo dia: trabalhar. Junto minhas tralhas e entro no carro, dou partida, manobro e percebo que o para-brisa, do meu carro está imundo; o que faço então? Ligo o limpador para jogar uma água no vidro e limpar a sujeira para que eu pudesse ver o dia lindo que se estendia diante de mim. Qual não foi minha surpresa ao ouvir um barulho cortante de vidro e olho pra frente e vejo que do limpador do para-brisa só tinha as hastes metálicas! Alguém muito inspirado roubou as palhetas. Além do susto, me veio a raiva do FDP que fez aquilo e a frustração de saber que com certeza iria me doer no bolso, coisa que realmente aconteceu.
Liguei na autorizada pra saber o valor das novas hastes: R$90,00 e não havia cobrança para a instalação, achei o preço salgadíssimo, mas tive a ideia de ir também no setor H Norte de Taguatinga, onde se localizam lojas e oficinas automotivas, na segunda loja em que entrei consegui comprar e dentro de mim dei pulinhos de alegria: a coisa só me custou R$38,00 e fui toda feliz pro meu amigo Beto instalar. Só que quando cheguei lá ele olhou e me disse que aquela não era a palheta certa para o modelo do meu carro. Respirei fundo e voltei na loja, conversei com o vendedor dizendo que aquela não era a haste indicada, ele tentou argumentar, mas sem alternativa me devolveu o dinheiro, me indicou outras lojas e lá fui eu! Visitei seis lojas e nenhuma delas tinha o bendito modelo de palheta. Me resignei que tinha que comprar na autorizada, e terça-feira à tarde lá estava eu na concessionária para comprar. Cheguei no setor de peças dei meu sorriso mais bonito e falei:
- Boa tarde! Por favor, eu gostaria de comprar as palhetas do limpador de para-brisa do meu carro.
- Qual o modelo, senhora? - pergunta o vendedor
- Fiesta Rocam modelo 2012/13 - eu respondo.
Ele procura no computador se volta pra mim:
- Silicone ou borracha?
- Aí você fez uma pergunta difícil! - eu disse - Não faço a menor ideia!
- A senhora veio no carro?
- Sim - respondo e mostro onde o carro está.
Ele então se levanta vai lá, olha e pergunta:
- Onde estão as velhas?
No que eu respondo:
- Meu querido, não tem velha, elas foram roubadas! Por isso eu estou aqui comprando novas!
No que ele coça a cabeça, abre os braços e pergunta:
- Uai?!? Então como é que faz?
Gente, eu juro que na hora vi tudo vermelho! Respirei fundo e disse pro cara:
- Não! Você tá de sacanagem comigo! Eu estou na autorizada do fabricante do meu carro e você não sabe o modelo de palhetas adequado pra ele? Pelo amor de Deus, amigo!
Ele me olha com cara de quem não sabe o que fazer, então volta pra mesa, mexe no computador e resmunga algo do tipo "acho que é essa aqui, vamos ver..."
Claro que eu ainda pedi desconto no que ele prontamente me deu e ainda dei uma chorada pra ver se o valor poderia ser maior, mas não colou. Paguei e um dos consultores instalou as palhetas, coisa de trinta segundos. Além de saber o que estava fazendo o técnico era super simpático e não acreditou quando eu contei o que havia acontecido com  os limpadores. Quando tudo terminou meus limpadores de para-brisas estavam no lugar, eu estava satisfeita, morta de calor, louca por um banho e rindo horrores da cara do vendedor sem saber o que fazer sem o modelo para comparar. Nessas horas eu penso que viver é tão divertido quanto dolorido, a gente chora por alguma coisa e logo depois está rindo sobre ela. Acho que é por isso que vale tanto à pena estar por aqui. 

P.S. Esse post vai especialmente pra Danieli Batista, que quer deixar de ser médica pra ser roteirista de sitecom!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Titã Merv Griffin


Ontem assistindo Titãs (Discovery Civilization, Net 86), conheci um dos percursores do talking show e dos jogos na televisão: Merv Griffin. Provavelmente muitos de nós nunca ouviram falar desse cara, mas sua história é tão empolgante que merece ser contada e conhecida. Apaixonado por palavras cruzadas, trívias e caça-palavras, Merv sempre acreditou que a televisão deveria ter programas inteligentes e que não substimassem a inteligência de seus telespectadores.
Por acreditar nessa premissa teve vários programas rejeitados ou quando começava a querer tomar as rédeas de seus programas estes eram cancelados e Merv demitido. Ele percebeu  que não teria chances nas grandes emissoras; começou então a produzir seus próprios programas e vende-los a pequenas estações espalhadas pelo país. Em pouco tempo seu programa de entrevistas era um sucesso e só então ele cogitou voltar para a CBS, mas com liberdade total sendo o diretor criativo de seu show e ganhando o maior salário já pago a um apresentador.
Merv não era um simples entrevistador, ele tinha um grande respeito por todas as pessoas com quem iria conversar e sempre conseguia deixá-los à vontade; ele foi o primeiro a entrevistar Martin Luther King, quando todas as emissoras tinham medo de ofender seus telespectadores brancos e classe média. Merv não só o entrevistou como lhe perguntou o que ele fazia para se divertir numa cidade tão exuberante como Nova York. Durante a entrevista o dr. King sorriu e descontraidamente respondeu-lhe a pergunta. A entrevista foi um sucesso estrondoso tanto para Merv com para o dr. King.
Entrevistou Orson Wells dias antes do lendário diretor morrer. Na ocasião Wells lhe disse que se sentia inspirado e que aquela seria a oportunidade de Merv fazer todas as perguntas que sempre quis fazer, e ele - Wells - iria responder. O apresentador não se fez de rogado e perguntou tudo que ele e o público queriam saber ao marido de Rita Haywort.
Merv Griffin ganhou dezessete Emmys, o Oscar da tevê americana, entrevistou mais de vinte e cinco mil pessoas em seu programa, entre elas Tom Cruiser, Jerry Seinfield e Ronald Reagan. Quando decidiu encerrar sua carreira na televisão ele simplesmente disse que não havia mais ninguém interessante para ser entrevistado. Ele se desligou do show business e foi atrás de novos desafios: virou empresário do ramo hoteleiro comprando o tradicional Beverly Hills Hilton Hotel e criador de cavalos de raça chegando a ganhar um torneio nacional.
O apresentador morreu em agosto de 2005 de câncer na próstata e ao ganhar seu último Emmy ele disse que em sua lapide deveria constar a seguinte frase:
"Não volto já depois dos comerciais!"