quarta-feira, 25 de abril de 2012

Aproveitem o dia!!!!




                Hoje na hora do spining, na bicicleta ao lado sentou uma moça muito acima do peso e me perguntou há quanto tempo eu fazia a aula, pois eu pouco transpirava e fazia a aula numa boa (?).  Expliquei que faziam cinco anos que praticava e que ela também chegaria ao mesmo nível que eu; ela replicou dizendo que iria demorar, pois era a quinta aula dela e ainda faltava muito. Ela também me perguntou se eu fazia corrida competitiva, eu respondi que não e ela me explicou que estava esperando emagrecer para começar a correr. Não resisti e disse a ela que não esperasse, que fosse correndo aos poucos, assim, enquanto treinava ela emagreceria; ela começou a dar desculpas, não aguentando eu disse:
— Olha, não espere pelas coisas, faça elas acontecerem, seu excesso de peso não pode te impedir de realizar seus sonhos.
Ela me deu alguns argumentos, mas acho que ficou meio chocada com o que eu disse me olhando meio assustada e acho meio difícil ela vir conversar comigo outra vez, o que me levou a pensar sobre as coisas que deixamos de fazer esperando tempos melhores.
                A moça da academia me lembrou de uma colega de trabalho que quando chega o final do ano pede tudo que a SEE oferece; além das férias, ela assina todos os pedidos de crédito disponíveis aos funcionários. Resumindo: ela abocanha o que oferecem e emenda com a seguinte frase:
— Eu pego tudo! Vai que eu morro? Então não preciso pagar! — e dá uma sonora gargalhada.
Eu rio junto, acho super engraçado o desapego/apego dela, mas não faço igual, entretanto me leva a pensar o modo como cada pessoa encara a vida. O jeito encanado da menina da academia e o deixa a vida me levar da minha colega.
                Aprendi observando ao meu redor que não devemos esperar para realizar aquilo que sonhamos e desejamos: emagrecer para ir a academia ou participar de corrida, ter dinheiro para fazer aquilo que sonhamos, aposentar-se para viajar ou aprender a dançar charme; esperar os filhos crescerem e tornarem-se fortes para suportarem uma ruptura do casamento capenga que se arrasta há anos, nada!
As doenças chegam interrompendo nossos planos, a morte nos encontra naquela quarta-feira pela manhã. A vida é curta, não sabemos o futuro e tudo (ou nada) pode acontecer.
Façamos então como a teimosa Scarlet O’hara, a heroína de E o vento levou, que sempre dizia “Amanhã é outro dia” quando queria fazer algo reprovável aos olhos da família ou de aproveitar a oportunidade que aparecia. A dica é aproveitar o que a vida oferece. O amanhã é outro dia e talvez nós não estejamos lá para apreciá-lo. Vivamos então o hoje, ele é o nosso sonho possível.



sexta-feira, 13 de abril de 2012

Epílogo

Criei o pequeno diálogo a seguir como parte final de um conto que infelizmente ficou grande demais para os objetivos que foi escrito. Meu amigo Leo foi o revisor e avaliador dos textos que segundo ele ficaram muito bons, então decidi que este não ficaria no arquivo do computador ou esquecido em um email qualquer. Essa experiência me provou que não apenas escrevo sobre o mundo e a vida, mas também tenho a capacidade de inventar mundos e pessoas. Espero que vocês gostem, comentem e coloquem suas opiniões.
Então sem mais delongas apresento a vocês o meu final (in)feliz imaginado!
Beijos e até mais!




Eu caminhava pelo corredor pouco iluminado quando a vi e ela estava linda; o vestido verde tomara que caia, caia-lhe a perfeição fazendo um contraste com o lenço branco que descansava em seus braços e caminhava sozinha. Perfeito, eu pensei! Não vai ter escapatória! Nós conversaríamos e tudo se ajeitaria. Eu respirei fundo e comecei a me dirigir até lá quando ela parou e virou para trás, parecia que esperava alguém. Um homem alto e magro surgiu pegando sua mão beijando-lhe as pontas dos dedos para logo em seguida beijar-lhe o rosto enquanto ela sorria devolvendo o carinho cheirando seu pescoço. Estanquei na hora. Quem era ele? O que estava fazendo ali? Seria um amigo ou namorado?
Andei em direção ao bar para conversar com Renato o dono da festa. Com certeza ele saberia quem era o sujeito que a acompanhava.
— Quer um drinque? — Renato perguntou mostrando a garrafa — Acabei de trazer da última viagem dos Estados Unidos.
— Aceito. Estou precisando mesmo — Renato já despejava uma dose generosa de uísque e eu emendei — Quem é o cara com ela? — perguntei casualmente.
Renato olhou por cima do meu ombro e fez uma cara de quem não conhecia.
— Não sei. Mas a Carla deve saber. Olha ela aí — a mulher estava linda em um longo listrado de um ombro só e se aproximava do bar, sorrindo para meu primo — Amor, você está deslumbrante!!!
E já estava beijando a esposa. Ela toda faceira respondeu-lhe:
— Isso porque você não viu o que está por baixo do vestido. Se você se comportar eu te mostro quando a festa terminar — Carla falou piscando o olho para o marido, para em seguida se virar para mim e dizer — Bruno, que bom que você veio! Já escolheu a “sortuda” da noite de hoje?
— Na verdade já — eu disse com voz preguiçosa e olhando em direção à mesa em que a mulher de vestido verde se sentava com outras pessoas.
Carla acompanhou meu olhar e me disse em tom reprovador:
— Ela está em outra. Aliás, corrijo-me, com outro. Você demorou demais, Bruno, graças a Deus; deu tempo de encontrar uma pessoa que realmente gostasse dela e não que a tratasse como essas periguetes que você está acostumado. — e continuou: — Sabia que ela ficou seriamente interessada em você? Que ela queria até, Deus nos livre — revirou os olhos — Namorar com você? Mas você não teve a capacidade de dar um telefonema nem para agradecer pela noite que eu tenho certeza absoluta você adorou.
—Como você...? — eu perguntei olhando para Renato, mas ele levantou as mãos em sinal de rendição e de que não sabia de nada.
—É claro que eu sei! Você passou semanas calado e vindo todo fim de semana para cá e perguntando como quem não quer nada se minhas amigas viriam para cá. — e continuou — Que você fez questão que eu levasse ela para o seu aniversário e você bebeu feito um cachorro e ainda tratou todo mundo mal no final da festa?
— Eu estava nervoso — tentei me defender.
— Não, você foi um idiota! E agora ela já está mais que feliz com o Rafael e graças aos céus você não passou de um boa foda!
— Carla!! — eu e Renato falamos juntos.
— Isso estava engasgado aqui! — ela disse fazendo gesto com a mão no pescoço — Pronto falei! E agora com licença que eu vou cuidar dos meus convidados e me divertir na minha festa. Mas antes — ela pegou o copo do Renato e virou sem fazer careta — Ahhhhh... — beijou o marido e falou simplesmente — Amor, guarda um pouco desse uísque para mais tarde para nossa festinha de hoje a noite.
Renato sorriu bobamente para a mulher para logo depois depositar em mim um olhar de pena.
— Sinto muito, amigo, essa você perdeu. E aproveita pra espairecer pegando mais gelo no freezer da cozinha, por favor — deu-me o balde vazio e um tapinha nas costas, indo cumprimentar outras pessoas.
Quando voltava da cozinha ela saia por um dos corredores da casa e não me viu. Não resisti e chamei:
— Daniela! — ela se virou e sorriu com a surpresa.
— Bruno! — ela se aproximou me deu um beijo no rosto e se afastou com as mãos para trás. — Como você está?
 — Você está linda!
 — Obrigada. Você também não está mal.
— Obrigado, — pigarriei completando — eu acho...
Ficamos assim, procurando palavras quando falei:
— Eu estraguei tudo, não foi? — ela me olhou surpresa, mas sorriu.
— Verdade.
— E não tenho a menor chance de novo, não é?
— Isso é verdade também. — disse ainda sorrindo.
— Daniela, eu... — fomos interrompidos pelo gigante que a acompanhava.
 Dani, eu já estava preocupado — falou colocado o braço nos ombros dela e se virando pra mim — Olá eu sou Rafael, o namorado da Daniela. Você é...
— Bruno — eu estendi a mão e o apertão que levei quase me quebrou os ossos, mas eu também apertei forte. —Um amigo.
— Bem, vamos, amor? A pista está bombando e você disse que estava louca pra dançar, não era?
— Vamos sim — ela virou-se pra mim — Bruno, foi bom te ver. Até mais.
— Tchau — foi tudo que eu consegui dizer enquanto o gelo derretendo pingava em meus sapatos. Caminhei até o bar e o Renato, pegou o balde dizendo:
 Até que enfim! Pronto, pessoal o gelo chegou, agora a caipirinha sai! — e virando pra mim mostrou o copo com um líquido transparente — Bebe. É Gray Goose, uma das melhores vodcas do mundo. Vai te ajudar a aguentar o resto da noite — ele falou olhando pra frente, me virei seguindo seu olhar e vi a mulher que eu perdi por orgulho e por falta de noção beijando outro homem.
Entornei o copo de uma só vez.
Para mim a melhor vodca do mundo tinha gosto de papel.