domingo, 12 de fevereiro de 2012

Desconstruindo Bali





























                               Bali na Indonésia era para ser a cereja do bolo em uma viagem recheada de lugares exóticos, lindos e inesquecíveis. Mas Bali não é exatamente assim. A cidade já chama atenção de cima, pois não há prédios ou arranha-céus e descobrimos depois conversando com locais e o pessoal do hotel que há uma lei onde a altura máxima dos prédios na cidade é de quatro andares.
                Bonita a cidade não é, começando por seu aeroporto que não faz feio em nenhuma cidade do interior do Brasil: quente, barulhento, meio sujo e desorganizado, mas também mete medo, quando se entra na área de imigração há um cartaz dizendo que tráfico de drogas tem como punição a PENA DE MORTE, você nem tem motivo pra ter medo, mas a gente meio que treme nas bases com aquele negócio pendurado nas paredes. Mas andando pelas ruas não é exatamente assim: em qualquer ruela de Kuta há bares e lojas que oferecem para quem quiser provar o famoso chá de cogumelos, é entrar pedir e tomar sem ninguém te encher o saco; simples assim.
                Quando saímos do aeroporto, entramos em uma cidade quente feito o inferno, com avenidas e ruas estreitíssimas, com milhões de carros e motos e um trânsito maluco, coisa normal em toda Ásia, mas funciona. De novo, não se anda a mais de 40 km por hora e mesmo um trajeto curto vira uma viagem de uma hora de carro, então apreciávamos o movimento e íamos conhecendo a cidade.
                Aqui um parêntese: em 2002, Bali sofreu três atentados em um único dia onde 202 pessoas morreram e outras 209 ficaram feridas. As detonações ocorreram em boates e hotéis de Kuta, bairro turístico da cidade onde também ficaríamos hospedados. Por conta disso todo hotel na cidade tem uma cancela, onde os carros param, passam pelo detector de metal e têm seu porta-malas aberto para que seja examinado, isso quando não passávamos por guaritas que tinham câmeras no chão para ver o chassi dos carros.
                Mas voltemos ao turismo: primeira coisa sobre Bali: as praias não foram feitas para banhistas, mas para surfistas. Elas são lindas, mas muitas são paredões de rocha e penhasco e um mar azul ou verde de águas transparentes e poucas têm areia branquinha. A areia é quase sempre vulcânica, o mar é bravio na imensa maioria das praias e geralmente só se entra no mar se você estiver com uma prancha. Uma particularidade: vocês conseguem imaginar uma praia sem vento e com ondas da altura de uma parede que quebram na beira do mar? Pois na Indonésia acontece assim. E se você observar em todas as fotos sobre Bali, os turistas estão na piscina e ao fundo está o mar, pois lá é exatamente isso: turistas nos resorts com o mar ao fundo. Em Kuta, por exemplo, há um muro gigantesco entre o mar e a cidade, descobrimos que ele foi feito para proteger dos tsunamis, muito comuns nessa parte da Ásia.
                Em Bali fiquei milionária três vezes. Explico, a rúpia indonésia é super desvalorizada $1,00 vale IDR 9.100,00 (rúpias indonésia) então, um café custava IDR 43,000, uma excursão às praias IDR 350,00 para quatro pessoas e por aí vai. Por três dias ia ao caixa eletrônico e tirava IDR 1.000.000,00, e começava a gozação: —Gente, estou milionária! Mas isso era até o dia seguinte e começava tudo de novo! Mesmo assim percebemos que gastamos mais que a média que costumávamos na Tailândia. Em resumo, Bali é mais cara que Bancoc e Samui juntas.
                Vamos falar do povo, eles não são tão simpáticos como os tailandeses, há mais pobreza e corupção –vimos nosso motorista subornar um policial da Policia Rodoviária- e na feira perto do nosso hotel, outro policial extorquia um motociclista apalpando os bolsos e a carteira dele, assim, na cara dura pra todo mundo ver, sem constrangimento algum. Aqui também e complicado fazer compras, nada com etiqueta, o vendedor te dá um preço na estrastofera, você reclama e ele pergunta: —Quanto você quer pagar? E então começa a negociação, no fim se tiver paciência, leva-se a mercadoria por um quinto e até um décimo do valor. Às vezes era tão agressivo que eles saiam atrás de nós e quase empurrando a mercadoria e pedindo pelo o amor dos deuses pra levar. Sabe aquela coisa de pegar no tecido pra ver a textura? Esqueça, vai vir três vendedores pra te cercar e literalmente jogam o lenço ou a camiseta em seus braços. Dá medo!!!
Muitos dos cidadãos usam as roupas tradicionais do país como trajes do dia a dia. Há também muitos muçulmanos que são vistos com desconfiança, quando não com ressentimento aberto; não sem motivo: foram terroristas muslin (assim são chamados pela população) os responsáveis pelos atentados de 2002. E foi em Bali também que pela primeira vez na vida, vi muçulmanas periguetes; não sabe o que é? A religião manda cobrir todo o corpo, mas não diz que as roupas precisam ser largas, então tem umas moças que estão cobertas, mas a roupa é tão a agarrada ao corpo, que não dá espaço para a imaginação. E são escandalosas também, um barato!!!
                Conhecemos tudo que valia a pena: As praias lindíssimas, mas lotadas de japoneses sem noção, um deles tomou um caldo tentando surfar, numa prancha de bodyboarding; os resorts, mais chiques, os templos coalhados de macacos, aliás, Wayan (lê-se Uainá) nosso motorista, explicou que eles não conseguem fazer uma relação, mas onde há um templo há macacos vivendo neles e onde há macacos, pode ir atrás que há templos. E no templo esses mesmos macacos roubavam maquinas fotográficas, chapéus, sandálias e mais o que desse sopa nos turistas. Era engraçado, mas também dava medo. Eles puxavam da sua mão e saiam correndo. Muito diferente da Floresta dos Macacos, onde os macacos só queriam comida e pulavam em cima de você. Uma coisa importante: só os locais podem entrar nos templos, estrangeiros são proibidos e só apreciam a beleza dos mesmos pelos portões, do lado de fora.
                Fomos em Ubud, bairro de Bali, para ver o Kintamani, o vulcão que teve sua última erupção em 1995 e até hoje não cresceu nada por onde sua larva passou.  Passeamos pelo mercado e percebemos que Ubud era muito mais legal que Kuta, tanto em divertimento como na qualidade dos hotéis e também para ver como vivem os indonésios e suas casas. Há plantações gigantescas de arroz, muitas frutas a venda na frente das casas.
Foi em Ubud também que bebemos o café mais caro do mundo o  Kopi Luwak, feito das fezes de um bichinho roedor chamado civeta; era gostoso, mas nada do outro mundo. A xícara pequena custava IDR 50.000,00. Ubud é também mais conta se comparamos a Kuta, pena que só estivemos lá durante o dia, o bairro valia uma visita à noite para conhecer.
O mais interessante de tudo na Indonésia é que diferentes de nós cristãos, cada casa tem um templo para a família fazer suas orações e oferenda aos deuses. Lindo!!!!! O Wayan tinha no porta-luvas do carro um pequeno templo para suas orações diárias. Em qualquer lugar que você entre há sempre uma oferenda aos deuses, não importa se é uma casa ou uma loja grifada como a Louis Vuitton, Channel ou a barraquinha da feira. Todo mundo faz sua oferenda por via das dúvidas. O shopping mais chique da cidade tinha a sua cestinha de oferta na entrada, bem como um segurança com um detector de metal pra ver a sua bolsa, mochila ou sacolas. E não importa quantas vezes você saia, ao entrar eles vão olhar suas bolsas e sacolas novamente e tudo por conta dos atentados.
                Foi na Indonésia que não erramos na comida, nos divertimos nos lugares mais bacanas com vista para o mar com enormes chaises para deitar e curtir o pôr do sol, programa obrigatório entre locais e turistas. Bebemos as várias cervejas locais e todas uma delícia, mas a moda européia, leia-se: quente e a mais gostosa disparada era Bintang!!! E de novo, pouquíssimos lugares aceitavam cartões de crédito, a não ser em bares e restaurantes com comida internacional. Bali é legal é sim, mas é diferente do que imaginávamos. Depois disso você decide se o lugar merece a viagem, de minha parte gostei muito. Beijos e até Singapura!!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

"A Praia" de Koh Phi Phi





















                Foi com o coração doendo que nos despedimos de Samui, e aqui um adendo acerca do povo tailandês, para eles vale o que está combinado: sete da manhã pontualmente, conforme o dono agencia marcou, um motorista chegou numa van para nos levar do hotel ao porto e pegarmos o ferry boat para Krabi e de lá outro ferry até Koh Phi Phi. A viagem foi sossegada, pois nosso guia levou-nos para a parte refrigerada, enquanto ele ficava no convés cuidando das malas. Teve uma hora que saí para ir ao banheiro e aproveitei para dá uma olhada em nossa bagagem; o guia estava lá e dormia em cima delas! Quando o barco estava perto de atracar, ele nos acordou dizendo que já estávamos chegando.
Quando desembarcamos, o guia nos entregou para outro motorista, se despediu e foi embora. Atravessamos o país de um lado ao outro em mais ou menos cinco horas em uma van que mais parecia um motel: jogo de luz, espelhos e uma tela plana gigantesca (para um carro) para assistir filmes legendados em tailandês! Uma delicia!!! E tudo isso com outro guia super simpático que conversava e falava sobre as particularidades da Tailandia. Ele também fez questão de nos ajudar a comprar os bilhetes para Phi Phi e só foi embora quando mostramos os bilhetes do ferry e o motorista que nos levaria ao outro porto para embarcarmos. Diferente do ferry com ar condicionado de Samui; esse era quente como o inferno e LOTADO de gente! Em uma certa hora não agüentamos e fomos para o convés muito mais fresco e mesmo em mar aberto dava pra perceber que o mar era limpo e transparente. Tudo de bom!!
O porto de Phi Phi, não fugindo a regra era uma confusão de turistas e locais e a gente com mala, mochila e tudo mais já se preparava para ir atrás do hotel quando vimos um cidadão com a plaquinha do Andaman Beach Resort e descobrimos que todos os hotéis da ilha mandam guias para pegar os hospedes  nas barcas no horário em que eles avisam que irão chegar. Detalhe: a cidade não tem carro, motos e nem postes de energia nas ruas e isso só descobrimos à noite quando voltávamos da farra no breu da madrugada. Só é permitido bicicletas, triciclos e carros de mãos, que são enormes para carregar malas, comida, água, mercadoria das lojas e tudo mais que você puder imaginar. Moto só na madrugada para recolher o lixo das ruas. Outro detalhe de Phi Phi: a água do banheiro e da piscina é salobra e água é mineral pra tudo. Tem noção como ficaram nossos cabelos? Não tão ruim como vocês imaginam, mas meio duros por causa do sal.
Phi Phi é uma ilha minúscula espremida entre o mar e um paredão de montanha que dá pra percorrer de uma ponta a outra em mais ou menos trinta minutos; toda calçada, com ruas estreitíssimas, cheias de lojas, restaurantes, agencias de turismos, caixas eletrônicos, casas de cambio, padarias e bares para todos os gostos e pasmem: tudo cabe no seu bolso de viajante. Koh Phi Phi é um barato só $$$$!!!! Mas o comércio simplesmente não aceita cartões de crédito, ONLY CASH!!!!
Uma das melhores refeições (e a pior também!) que fizemos foi no Matt’s Join, sem falar que o dono era um gato, além de super educado! Com preço diferenciado: Girl, Lady Boy e Boy e um wi-fi ligado vinte e quatro horas! Como descobrimos? Estávamos indo embora de madrugada quando o cel de todo mundo apitou mostrando que havia uma rede ligada, paramos e na rua escura sentamos no meio fio e fomos teclar.
Há bares para todos os gostos e bolsos com muita música eletrônica e rock do bom (graças a Deus!!). Claro que a gente precisou descobrir o horário da night, no primeiro dia chegamos muito cedo (seis da tarde), no segundo muito tarde (depois das dez) só no terceiro e último dia pegamos a noite com tudo e foi joia! Fomos principalmente ao Reggae Bar, o bar tinha um ringue no meio do salão onde clientes bêbados se batem por um baldinho de vodka com refrigerante ou energético. Em um dos dias um deles teve o ombro deslocado e outro sangrou o nariz. E quanto a gente pagava pra entrar? Nada. Todas as baladas da ilha com banda, espetáculo de fogo na praia entre outras atrações só pagávamos o que consumíamos.
Dizer que Phi Phi é deslumbrante é chover no molhado! E olha que a ilha foi atingida pelo Tsunami de 2004 e mais de mil pessoas morreram no desastre, muitas delas turistas. Em toda a ilha há placas com rota de fuga em caso de outro tsunami, coisa que não se descarta. A vista que tínhamos da praia na hora do café da manhã era indescritível e maravilhosa!
Fizemos todos os passeios e não nos arrependemos: Visitamos a praia dos macacos, fizemos snorkel no recife dos tubarões sem dentes e levou quase uma hora para acostumar com a máscara, boiar para finalmente observar os peixes, no fim capitulei e usei o colete e os pés de pato, o Leo penou igual a mim. Só o Vini parecia ter nascido pro negócio, em minutos ele boiava e observava os peixes como se tivesse nascido no mar. Ô ódio!!!!!
Mas o melhor de tudo foi quando começou a chover, se em principio ficamos meio receosos, nosso guia falou que podíamos mergulhar sossegadamente que não havia perigo e foi o que fizemos. Vocês conseguem imaginar uma chuva caindo em um mar verde e transparente em um dos lugares mais lindos do mundo? Era chuva e um vento que fazia o barco girar e nós em um oceano de água quente! O que eu senti não tem palavras, mas eu agradeci a Deus pela oportunidade de estar ali!
Depois dessa emoção ainda faltava uma: Maya Bay, a ilha do filme A praia com o Leonardo de Caprio, deslumbrante, lotada de japonês sem noção, mas nem isso tira a beleza do lugar. A areia da praia parece talco de tão fina, água transparente e um visual que parece (e é) coisa de cinema! A praia é limpa e bem cuidada e há um número xis de turistas para entrar na ilha. Gostamos tanto da ilha que no dia seguinte voltamos e ficamos o dia quase todo, mas com uma diferença: no primeiro dia fomos em uma lancha com outros turistas e no dia seguinte alugamos um barquinho tradicional do país, aproveitamos ainda para explorar a ilha. Se a lancha levou vinte e cinco minutos até a ilha, no barquinho o tempo era quarenta pra ir e outros quarenta para voltar. Mas foi uma aventura, com mar bravio, vento e medo da embarcação não aguentar a força das águas. Mas como podem ver estou aqui e contei a história!
E pra terminar outro exemplo do modo de vida dos tailandeses e como eles levam a sério o respeito pelo outro: nossa diária encerrava-se ao meio-dia e já estava tudo pago (em muitos hotéis pagávamos a conta no check-in e já estava incluso até a água que bebíamos durante a estadia), mas queríamos ainda aproveitar o dia na cidade. NO PROBLEM, o hotel guardaria nossa bagagem e às treze e quarenta e cinco o carregador estaria no porto entregando para nós. Ficamos com a pulga atrás da orelha, mas mesmo assim deixamos nossas coisas e fomos passear pela cidade. Gente, pontualmente às treze e quarenta e cinco o carregador estava no porto e todo simpático descarregou a mala na entrada do convés e tudo isso com um sorriso sem tamanho.
Exemplo melhor impossível para nossa quase despedida da Tailândia e confirmando o lema nacional: Same, same, but diferent!
Beijos e até a Indonésia!