sexta-feira, 18 de novembro de 2011

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“Homem tem medo de mulher independente! Pior ainda, homem tem medo de mulher que BOMBA!!! rsrsrsrs Aí o cara conhece uma gata, linda e com estilo nada convencional de se vestir... Bebe tanto quanto ele... Se ele não quiser sair, ela sai só com as amigas. Topa qualquer saída. Não tem tempo ruim, banca suas coisas. Se tiver meio sem grana, se diverte como dá. Se tiver bem de dinheiro, pode até pagar pras amigas. Conversa com todo mundo, conhece muita gente. Falando assim, parece bem divertido ficar com uma mulher dessas. E é! O PROBLEMA É QUE GRANDE PARTE DOS HOMENS NÃO SEGURA A ONDA DE UMA MULHER PAU-A-PAU COM ELES, aí eles namoram a Sandy, a Sandy é fácil de namorar. Ela sai, mas não dança até o chão. Ela não bebe. Nada de decotes ou mini saias. Se o namorado não quiser, ela não sai. Ficam em casa, assistindo comédias românticas.... kkkkkkkkkkk Mas quer saber? Mulher que bomba dispensa homem sem coragem! Mulher de verdade assusta! Uma grande mulher não precisa de homem para se destacar. Mas para ser um grande homem com certeza precisa-se de uma GRANDE MULHER"”
Vi esse texto via Facebook e o achei divertido, mas também revelador porque ele explicita um comportamento que se tornou muito comum nos dias de hoje: a mulher poderosa e até meio cafajeste! E ela tem exatamente esse comportamento: bebe, dança até o chão, em muitos casos ganha mais que seus pares masculinos, beija, é namoradeira, faz sexo com quem lhe aprouver e lógico, apavora os homens!
Por que resolvi escrever sobre isso? Porque em muitos aspectos me vejo como essa mulher livre (sim, ela é livre e eu me considero livre para fazer o que me aprouver, entretanto, sabendo que meus atos e decisões devem vir acompanhados da devida responsabilidade que se impõem), mas que é julgada e tachada de nomes horríveis por simplesmente tem coragem de não levar em conta o fardo pesado que é a opinião ou o julgamento dos outros. Falo alto, sei dezenas de palavrões, sou grossa em muitos momentos, ousada no vestir e aprendi que ser a boazinha não dá futuro pra ninguém. Sabe aquela frase mulheres boazinhas vão pro céu e as más vão pra onde elas quiserem? É quase um mantra colado na porta do meu guarda-roupa. Sem arrogância nenhuma me considero mais inteligente que a maioria dos homens, viajo, consumo, me divirto e pago isso à custa do meu próprio suor. Imagina que esses dias minha amiga me mandou falar baixo no bar onde estávamos, pois assim eu não arrumaria namorado. Já imaginou, gente, eu encalhada porque digo palavrões e falo alto? Tive que rir e soltar outro palavrão para ela como resposta.
Rapazes, é uma pena que vocês se sintam ameaçados; diferente de vocês a maioria de nós não se intimida ou julga um homem cafajeste; pelo contrário, temos a empáfia e arrogância de pensar e achar que conosco seria diferente, nós ousamos imaginar que temos o poder de “salvar” aquele homem de si mesmo e transformá-lo em um espécie fiel, apaixonado e exemplo a ser seguido pelos amigos. Se ele vai mudar, isso vai depender dele e da mulher que decidiu empreender a jornada de transformar um canalha em um moço que toda sogra pediu a Deus. Se ela conseguir, bom para ele e para ela. Mas cá entre nós, a gente sabe que a mudança seria temporária. rrsrrrs
Mas com a gente é diferente, mulher 3D (disposta, disponível e desibinibida) é sempre galinha; vai passar pelo mundo como fácil e provavelmente nunca vai ter um sujeito boa praça que veja além dela, que lá no fundo – e às vezes na superfície mesmo – existe um ser doidinho pra virar uma moça séria e constituir família. Eu, do alto da minha humilde opinião, acho que é aquela coisa de enquanto o homem certo não chega, vou me divertindo com os errados. O problema é que homem certo é mercadoria em falta na prateleira. Seja pela falta mesmo de matéria-prima ou saber que a vida livre é uma delícia. Essas moças loucas e ousadas são ótimas companheiras de conversa, copo e  viagem estariam prontas para tudo ao lado de um cara que soubesse respeitá-las e amá-las e que diferente da maioria não quisesse que elas andassem um passo atrás deles.
Provavelmente elas seriam e são perfeitas até na cama, realizando juntos cada fantasia imaginada pelos dois. Ainda não chegamos nesse ideal de relacionamento, o que eu acho uma pena. Gostaria muito que a coisa fosse como o casal do Titanic na hora que o bicho pegasse: Se você pular, eu pulo. E nunca deixar o outro para trás. Quem sabe um dia...

P.S. Com uma ajudinha da Fabiana e do Rogerio, foi que esse texto foi criado. Beijo para os dois!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Lei de Auri

A fala dos outros Parte II


A moça na foto comigo se chama Aurilene, casada, três filhos, professora como eu e um dom com as letras e as palavras que fascinam não só a mim, mas a todos que têm a oportunidade e o prazer de ler e ouvir seus escritos.
Postei aqui o memorial feito no último dia presencial do nosso Curso de Especialização em Educação Infantil, que para todos nós da turma é uma das maiores declarações de amor pela família e pela vida.

Com vocês, a Lei de Auri!!!! Palmas para ela!!!!!


Minhas memórias


Eu não poderia encerrar essa primeira etapa do Curso de Especialização em Educação Infantil sem falar no poder da palavra. Palavra que nos fascina, que nos inscreve no mundo, que nos aprisiona mais que também nos liberta. Palavra que todos os professores desse curso inscreveram em nós.  Palavra que me permite narrar e registrar a minha história.  História que ficará um pouco em cada pessoa que  ouvir, ler  ou  identificar-se com ela.
Filha de Ariolino Guedes da Silva e Francisca Alves Lima da Silva, irmã de Atevaldo, Ariosvaldo, Auricélia, Alda, Aleilto, Alenilda, Alcilene e Alecildo. Em outros momentos eu faria piada do nome de meus irmãos e do meu, Aurilene, é claro. Por diversas vezes falava o nome de todos seguindo a ordem de nascimento só pra ver a expressão de espanto de quem os ouvia.  Mas hoje não quero fazer piada da família “A”, como a denominei. Hoje quero me situar no mundo enquanto sujeito, quero descobrir minha identidade, entender a minha trajetória e para isso preciso me “agarrar” em minhas memórias. Ao tentar resgatar e narrar minhas memórias sinto cheiro, sabores e sensações de minha infância.
Não fui criada pelos meus pais biológicos, mas por minha tia, Maria de Lourdes, que morava na capital federal. Religiosamente, ela me levava para visitar minha família nas férias de dezembro. Nasci em um lugar chamado “Ponta do Aterro” no Maranhão. Recordo-me da casa no alto de uma montanha, feita de pau- a- pique, do córrego que passava por perto, era lindo. Lembro-me de quando ia visitar meus pais e irmãos nas férias de final de ano. Eu era criança, acho que tinha uns seis anos de idade. A minha chegada era sempre motivo de festa. Nos primeiros dias de férias sempre estranhava o lugar em que nasci e ficava pensando: como pode ter um lugar sem geladeira, sem luz elétrica, chuveiro e sem o pão quentinho comprado na padaria da esquina?  
 Os primeiros dias eram sempre de adaptação. Recordo-me de meus irmãos mostrando o material escolar que tinham: um caderno de brochura, um lápis e uma borracha.  Eu sempre perguntava onde estava a canetinha, o lápis de cor, o giz de cera, a borracha com cheirinho de fruta. Quando eu perguntava sempre ficava um silêncio no ar.  Silêncio que eu não entendia na época... Mais eu também tinha que me adaptar a liberdade que meus irmãos usufruíam: subiam em árvores para colher frutas, armavam “arapucas” para pegar passarinhos, pescavam, nadavam no igarapé enquanto minha mãe lavava roupa sentada em uma tábua dentro da água, sempre cantarolando... Na volta para casa, minha mãe era ajudada pelas minhas irmãs: colocavam bacias na cabeça com as roupas lavadas e lá íamos nós, brincando com tudo que encontrávamos no caminho. Por muitos anos segui esse “ritual de férias.”
Emociono-me ao relembrar esses pequenos acontecimentos. Emociono-me ao tentar procurar as palavras certas para falar sobre minhas memórias. E são com essas palavras que me percebo, que viajo em mim mesma. Faço minha as palavras de José Saramago quando ele diz em um dos capítulos do livro Viagem a Portugal que “a viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: “Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva, caía ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.”
E este curso está me proporcionando, ou melhor, nos proporcionando recomeçar uma nova viagem. Primeiramente uma viagem em nós mesmos, ajudando-nos a nos reconhecer enquanto sujeitos históricos, com memórias a serem narradas, pensadas, questionadas. Estamos vendo o que não foi visto, reavaliando o que já tínhamos visto, percebendo que a história é dinâmica e que por isso não devemos nos portar como se ela fosse estática, o que reflete diretamente na visão que temos sobre a infância e sobre a criança. Precisamos “voltar aos passos que foram dados,”  entender e dialogar com o passado para nos sentirmos “pertencentes” ao presente e responsáveis, mesmo que em pequenas ações em nosso cotidiano, pelo futuro. Futuro que começa aqui e agora, com engajamento e responsabilidade social.
Aurilene Lima