quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A pé por aí

Meus amigos, meu sapo fumaçou e me deixou na mão no sábado pela manhã  em frente ao Monumento JK. Como o que não tem remédio remediado está, acionei o seguro, o guincho veio e fomos pra oficina do “Seu” Sergio, passei os quatro dias seguintes sem carro e eu como todo morador de Brasília que tem rodas em lugar de pernas, vislumbrei que minha vida seria o caos sem carro.
            Pois, para minha surpresa até que me saí bem. No sábado, ir pra UnB tornou-se inviável, pois passei a manhã no mecânico e carregar, bolsa, laptop e cadernos sacolejando em ônibus não me animava. Na boa? Calculei o prejuízo de faltar à aula e fiquei em casa, o que foi ótimo. Aproveitei para confraternizar com os amigos. O Vini me ligou e eu disse que estava sem carro; sem problema! Passou em casa e me pegou. Em resumo, fui de carona. E foi assim o fim de semana inteiro. Na segunda usei o carro do meu irmão, mas na terça fui de ônibus para o trabalho, e aí fui me apercebendo de uma coisa: carro é tudo de bom e nada fica longe. Mas também impede que olhemos para os lados.
            Nas minhas andanças descobri perto da minha casa dois restaurantes, uma loja de camping e uma loja de molduras, assim, do ladinho! Sem falar nas pessoas que encontrei quando desci do ônibus ou caminhando para a parada. Uma delícia!!!
            O que quero dizer é que apesar de prático e rápido o carro nos tira a leveza de apreciar o movimento e calmamente chegar a qualquer lugar. Preocupamos-nos tanto em não bater nos outros carros, não voar perto dos pardais que tudo mais deixa de ser importante.
            Não estou aqui fazendo campanha pro famoso deixe o carro e vá de ônibus, ir como? Pelo contrário, AMO meu sapinho e sei que o transporte público mal funciona e em Brasília a arquitetura da cidade e sua geografia não ajudam quando o assunto é ir a pé em algum lugar. Em algumas vias nem passeio tem ou então são tão irregulares que caminhar por eles é quase fazer trekking. Um exemplo é o trajeto para ir ao meu trabalho: de carro levo no máximo doze minutos (isso mesmo, 12 minutos!), mas de ônibus levo quase uma hora, às vezes mais; não pela distancia, mas pela demora dos ônibus na parada.
            Outro fato que nos empurra para o carro é o fato dos shoppings não aceitarem guardarmos nossas magrelas no estacionamento, como é caso do Alameda Shopping, fato este confirmado por mim e pelo meu amigo Leo Spigel. No caso do Leo, foi na semana passada. Aí, fica difícil!
            Fiquei pensando tudo isso quando fui buscar meu carro (a pé!) no mecânico hoje pela manhã. Queria caminhar mais, passear de bike e apreciar a paisagem. Quando caminho, penso, filosofo, brigo e faço as pazes comigo e com o mundo e resolvo muitos dilemas sejam eles existenciais e práticos, aliás, foi caminhando que nasceu a idéia do texto que vocês estão lendo.
Uma pena que a logística da nossa cidade não ajuda, pois andar de bike ou caminhar faz bem tanto pra saúde quanto para o espírito.
Pensem nisso.

4 comentários:

Leosoueu disse...

Polete, gosto muitos dos seus textículos, transmitem uma verdade bacana! Parece que estamos de papo ctgo!

Léo disse...

Eu sempre penso sobre isso. Estive na Europa e vi como funciona o esquema de transporte público e espaços para ciclistas e lá não se precisa ter carro. Transporte público funciona e andando por aqui ou vc é o 'que mata' ou o 'que morre'....infelizmente ainda vou usar do meu carro ou minha moto pro dia-dia...

E parabéns pelo texto!

Vinicius disse...

Paulete, me amarrei no texto e concordo plenamente, andar exercita vários músculos, inclusive o cerebral... A pena é essa correria desmedida e sem propósito que nos impede de andar e filosofar por ai.... Vamos passar ferias na Europa, lá todo mundo aderiu a sua pratica, a facilidade e a beleza em volta nos vicia às caminhadas.

conan disse...

Menina Grande,

Parabéns pelo texto! Muito legal!
Concordo tanto com as dificuldades quanto com as vantagens de se ter "o carro na oficina". Infelizmente, precisamos cada vez mais estar em lugares diferentes e, contrariando a física, ao mesmo tempo!rsrsrs...
Esse problema seria bem menor caso o transporte público funcionasse! Além do que, poderíamos desfrutar dos encontros e descobertas que você mencionou!

Um grande beijo!
Rogério