Cresci em uma casa onde maionese só
entrava quando no almoço de domingo tinha visita e a visita tinha que ter um
alto conceito com minha mãe, pois ela fazia uma salada russa – maionese com
beterraba - que eu e meus irmãos comíamos ajoelhados de tão gostosa que era. Leite condensado, doce de qualquer espécie e até mesmo um
refrigerante era coisa especial que só entrava em nossa casa no fim de semana
ou em dia de festa. É verdade que eram tempos difíceis, mas muito mais que
questão de grana, minha mãe primava pela saúde e por comidas saudáveis. Meu pai
nunca (nunca mesmo!) comeu um MacDonald, não gosta de pizza e nas poucas vezes
que comeu um cachorro-quente reclamou horrores daquela salsicha esquisita.
Até hoje os únicos doces que minha mãe aceita em dias normais são
rapadura, goiabada e o marrom glacê da lata ou do pacotinho, mais do que isso,
só com autorização de dona Dasneves.
Meus pais são nordestinos, ele cearense, ela do Maranhão e adeptos da
comida de verdade, então as comidas que a maioria das pessoas acha exótico, em
minha casa é motivo de festa. Quer um exemplo? No aniversário da minha mãe e do
meu irmão – eles aniversariam no mesmo dia - o prato principal da comemoração
foi a língua de boi assada no molho apurado que minha mãe faz. A família
inteira caiu matando, quer dizer, as cunhadas e afins dispensaram e fizeram
cara de nojo. Para esse grupo minha querida mãe tem sempre um franguinho à
posto para quem não curte essas comidas típicas.
Mas voltando ao quesito maionese que foi isso que me motivou a escrever
esse texto, quero dizer que amo de paixão, mas tenho poucas oportunidades de
saboreá-la. Não como maionese na rua, morro de medo de passar mal então fica
restrito aos almoços na casa dos amigos e se eu der sorte da anfitriã ter feito
a tão formidável salada. Coisa que raramente acontece. Lembrei disso enquanto
fazia um sanduiche pra matar a fome do domingo à noite com umas sobras do
frango assado da padaria, coisa que eu adoro. Enquanto eu abria metade de um
pãozinho lembrei que cairia bem uma maionese, mas lembrei que isso era algo que
não pertencia a nossa casa. Fui lá então colocar um fio de azeite extra-virgem
como aprendi que é mais saudável e acompanhado de um suco de manga como a mamãe
me ensinou. Comida de mãe é realmente uma coisa maravilhosa!
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