sábado, 30 de julho de 2011

Encontros e despedidas



Ele foi o primeiro parente que chamei de tio. Antes mesmo de me dar conta que era gente, uma pessoa com desejos, vontades e frustrações ele já era meu tio Nonato. Um tio carinhoso, bonachão, daqueles que te dá dinheiro pra balinha e se você está naquele boteco copo sujo acompanhando a birita dos mais velhos (pois é, eu sou do tempo em que criança ia comprar a cerveja para o pai) ele te comprava seu refrigerante favorito e te cobria de beijos. E tudo isso só pra expressar todo o sentimento que ele tinha pelos filhos e sobrinhos.
Foram muitas férias e feriados que passamos juntos, onde eu ia pra casa dele ou os filhos dele vinham para nossa casa. Minha tia, a mulher dele era e ainda é uma cozinheira de mão cheia; foi com ele que comi tatu pela primeira vez e adorei o sabor daquele carne tão diferente. Naquela época meu refrigerante preferido era fanta laranja e ele sempre estava na geladeira para que eu saboreasse.
O tempo passou, crescemos, mudamos de cidade e passei exatamente 23 anos sem ver meu tio Nonato e em julho de 2008 voltei a Valença e ele me esperava na rodoviária com o neto, me levou pra casa onde a tia Socorro me esperava com frango assado, arroz branco e uma coisa que me emocionou até a alma: tio Nonato abriu a geladeira e tirou uma fanta de dois litros e me disse: — Que eu me lembro esse era o refrigerante que você mais gostava, não era? — Minha garganta travou e eu peguei o refri, despejei em um copo e bebi feliz.
Naquela noite, enchi a cara com ele, minha tia, meu primo Kleber, minha prima Valda e os respectivos companheiros de cada um, bem como os filhos deles. Foi uma noite maravilhosa com riso, brincadeiras e lembranças.
Ano passado nos encontramos novamente no aniversário do tio Tomaz e combinamos nos reencontrar esse ano para o aniversário dele de 70 anos, mas infelizmente não aconteceu; na sexta-feira, dia 24/06 o Kleber ligou dizendo que a festa tinha sido adiada porque o tio Nonato estava doente e era sério. Meu pai e o Ari, que é meu primo, já estavam combinando visitá-lo mesmo sem festa. Não deu tempo: na quinta-feira, dia 30/06, meu tio deixou este mundo para encontrar os pais, as irmãs e a filha no andar de cima.
Nossa família ficou menor e um pouco mais triste, mas é impossível negar que esse meu tio tão amado e tão querido soube viver a vida como poucos. Para ele a vida era pra ser vivida a mil por hora.
O que dizer nessa hora tão dolorida? Apenas um desejo: vai com os anjos, vai em paz.

4 comentários:

conan disse...

Um forte abraço! De quem também já teve um "tio Nonato".

ELIANA-Coisas Boas da Vida disse...

NOSSA AMIGA QUE TEXTO MAIS LINDO!!!
CHOREI ,ME EMOCIONEI! E DAÍ??!!NE?!
BEEEEIJO!!

Shirley Teacher disse...

Lindíssimo! Adorei!

disse...

Que texto lindo, que blog lindo, que foto híper, max, mega legal!!!
Vc é surpreendentemente adorável!!!