sábado, 21 de janeiro de 2012

Namastê, Tailandia!!!! Bancoc











            

            Depois de pegar menos seis graus em Toronto e quinze graus em Hong Kong, chegar a Tailândia foi uma onda de calor tanto no corpo quanto na alma, começou pelo sorriso das aeromoças da Air Asia, muito diferente da sisudez dos chineses. Em Bancoc fazia trinta graus fácil! E nós absolutamente enlouquecidos pra tirar jeans, tênis, casaco e cachecol e se jogar nas nossas havaianas e camisetas.
            Nosso hotel era um oásis no deserto, ficava numa área mega suspeita, mas o quarto era enorme com banheira (onde no segundo dia enfiei meus pés nela e dormi o sono dos justos, lógico que com um torsilax e muita massagem com um creme pra dor) e uma piscina maravilhosa e de lá nós víamos o dia a dia dos tailandeses moradores da cidade.
            Como definir Bancoc e os tailandeses? Eles são mais bonitos que os chineses, muito mais simpáticos e educados; são extremamente religiosos e tudo na cidade se relaciona com isso; em todos os lugares há uma pequena construção, um mini templo onde são ofertados diariamente pequenos presentes a Budha, no metrô há uma plaquinha mostrando o lugar onde os monges devem sentar e a instrução dizendo que caso você esteja sentado no banco, deve se levantar e oferecer seu lugar ao laranjinha. Eles são apaixonados pelo seu rei Buhmimbol, um senhor já velhinho e que tem seu retrato espalhado por toda Bancoc, e todo cidadão tem a foto dele em casa, no comércio, no carro e acredito que até na carteira. Sua majestade é onipresente em todo o país. Diferente dos outros países, aqui não se aperta a mão ao cumprimentar alguém, mas se junta as duas em posição de prece e se reclina a cabeça para frente em sinal de respeito, e esse cumprimento é chamado de Namastê. Até o Ronald MacDonald cumprimenta assim quem chega em qualquer uma das suas lanchonetes. O Vinícius adorava o cumprimento; muito mais sincero, pois vinha sempre acompanhado de um sorriso.
            A cidade é caótica, aliás esse adjetivo é clichê em todo a Ásia, o transito é uma zona organizada; são milhares de carros, motos, tuc-tucs, bikes e o plus nas ruas são os taxis cor de rosa enfeitando toda a cidade e não só dessa cor, mas azul, amarelo, verde e pedestres que se amontoam e se deslocam numa coreografia sincronizada onde um visitante jura que vai acontecer um acidente a qualquer instante, mas o mais incrível é não ouvir nenhuma buzina, nenhum palavrão ou acontecer alguma batida. Pedestres têm preferencia sempre. Ninguém anda a mais que sessenta quilômetros por hora. Há um respeito implícito pelo ser humano ou qualquer coisa que respire. As pessoas andam pela rua, mas não há uma preocupação se o carro ou a moto vai te atropelar; era incrível, andamos em vários horários pela cidade em todos o transito era lento e movimentado.
            O que é bonito em Bancoc é mais difícil ainda dizer; o Gran Palace é lindo e seu Budha de jade aboletado em uma montanha de ouro é impressionante (não, o buda, mas aquele dourado todo), o Budha reclinado de quinze metros todo folheado a ouro que te encara de todos os ângulos que você olha pra ele em Wat Po? O mercado flutuante e muitos dos seus canais com o cheiro característico de água de rio e peixe, onde muita gente mora e trabalha? A massagem que você faz após a visita ao templo? Os arranha-céus com seus mirantes de onde se vê a cidade toda? Seus shopping-centers coalhados de marcas de grife e de gente comprando, comendo ou simplesmente passeando por seus corredores gigantescos? Tudo isso pode enlouquecer um visitante, mas o tailandês é uma pessoa discreta que fala baixo, é comedido e adora sua cidade, e mesmo com aparência de velha, as ruas são limpas e não há sinal de lixeiras em esquina nenhuma.
            Andamos de Air Train pela cidade toda, nos locomovendo sem dificuldades, mesmo a barreira da língua ser quase um entrave, pois, mesmo sabendo a palavra, a pronúncia estava há anos luz da deles, por isso, sempre escrevíamos o nome e mostrávamos para o taxista ou para quem nos ajudava com alguma informação. Passeamos de tuc-tuc; é uma delícia e tosco ao mesmo tempo, e claro, fomos enganados algumas vezes por algum espertalhões, nada perigoso, mas tudo aquilo que o guia mandava não fazer íamos lá e fazíamos; um exemplo, estávamos procurando o Gran Palace, e um cara chega do nada e nos explica que ele estava fechado e só abriria às duas da tarde e nos levou até um tuc-tuc que carregou a gente para uma sessão de compras, onde não compramos nada, mas visitamos por boa parte da cidade, tiramos fotos de muitos monumentos importantes e descobrimos que na Tailandia, o governo tem rosto. Como assim? Muito simples; todos os ministérios têm na entrada de seus edifícios o retrato gigantesco de seu ministro. Então se alguma coisa der errado a culpa é daquele sujeito ali.
            Fomos também a rua dos mochileiros com suas dezenas de hospedarias, das mais simples àquelas bacanérrimas; foi ali em Khao San Road que percebi que ser mochileiro não é falta de dinheiro, mas sim estilo de vida. Tinha desde moleques mal crescendo a barba, passando por famílias até casais já chegando a terceira idade e todo mundo com sua mochila nas costas e achando aquele esquema o máximo! E a rua vale a visita! É de enlouquecer qualquer um: restaurantes de todos os tipos e lugares do mundo, fast-foods, camelôs, tuc-tucs, taxi, bicicletas, gente te oferecendo tudo o que você precisar e imaginar e muito europeu, americano e australiano, mas muito mesmo. E eles mergulham na cidade, comem a comida, usam as roupas, e claro gastam seus euros e dólares em presentes, passeios e lembrancinhas da cidade.
            Fomos assistir a uma noite de luta de boxe tailandês com direito a foto e tudo com os lutadores, super divertido! Pagamos seiscentos bath para ver quinze minutos de ping-pong show, uma coisa absolutamente deprimente, não percam seu tempo, não vale à pena. Erramos feio na comida, quase ao ponto de passarmos fome. Eu que sempre me considerei guerreira me via sentada no Mac’Donalds da vida porque só em pensar em comer a comida local me embrulhava o estômago! A comida é cozida, ok. Tem frango, porco, peixe e frutos do mar, ok. Tem arroz e verduras, ok. Mas é doce, doce mesmo; eles colocam açúcar e MUITA pimenta que se completa com o cheiro de curry e mais outro tempero indentificavel; não dava, capitulei. A pimenta é um negócio tão entranhado que sentávamos no restaurante e íamos decifrar o cardápio e perguntávamos sempre ao escolher o prato: Spicy? Pra não pagar mico ou correr para a coca-cola. A gente se garantia com o café da manhã no hotel e depois que descobrimos os muitos restaurantes de comida internacional e os pratos locais que agradavam ao nosso paladar, ficou mais fácil, mas até isso comemos a pimenta e o açúcar que o diabo cultivou! Affff!!!!!.
            Uma coisa sobre a comida local bem interessante, se em Hong Kong os chineses adoram um palitinho, em Bancoc os tailandeses amam um saquinho; e tudo, absolutamente tudo vai no saco: arroz, frango e verduras; suco, refrigerantes; frutas picadas pra sair comendo no meio da rua; verduras com um molho de pimenta, o almoço, a janta, tudo!! No começo torcíamos o nariz, mas depois que a fome apertou, comprávamos principalmente manga e abacaxi, docinhos que nem mel e comíamos felizes da vida explorando a cidade.
            Sobre a cidade, é impossível não falar do tanto que os tailandeses são educados, falam baixo e super solícitos, muitos deles se esforçam pra te ajudar se você pede informação. No metrô eles falavam baixinho e nós, quatro brasileiros acostumados ao barulho da cidade chegávamos causando, sorrindo e falando alto, embora nos esforçássemos para falar baixinho. Eu falava pros meninos que eles têm uma audição super desenvolvida de tão baixinho que eram as conversas deles. Eu chamava atenção pela cor da minha pele e principalmente pelo cabelo; os afro-descedentes são raros por aquelas bandas e teve um dia que além de chamar atenção para as minhas madeixas eu estava com os ombros nus. Explico, apesar das tailandesas se vestirem com uns vestidos, saias e shorts minúsculos além de saltos gigantescos, as mulheres não têm o costume de mostrar os ombros, elas estão sempre com blusas de mangas ou aquelas transparentes como se fosse uma segunda pele; as meninas são super recatadas, daí eu ter virado a sensação do Air train; foi o Vini que chamou minha atenção pra isso, peguei meu xale e cobri os ombros e tudo voltou ao normal. E olha que meu vestido arrastava no chão, pois nesse dia íamos no templo do Budha reclinado! Fazer o que? Na Tailandia, faça como os tailandeses.
            Na Tailandia a ambiguidade dos meninos era fato recorrente, eles são arrumadinhos, na moda e se vestem de rosa da cabeça aos pés com a gola da camisa polo levantada! Meu olhar de nordestina e filha de cearense me dizia que aquilo não era coisa de macho. Mais interessante que isso é a quantidade de travestis assumidos na cidade, aqui eles são chamados de lady boy e não sofrem preconceito ou são motivo de gozação, eles trabalham nas mais diferentes funções e profissões e no país há um imenso respeito por eles.
Uma dica? Viajar para o outro lado do mundo é emocionante e maravilhoso, mas o fuso acaba com qualquer um, tínhamos um batidão de acordar cedo, fazer os museus e monumentos, voltar para o hotel e sair ä noite, mas só fizemos isso duas noites, na quarta noite, chegamos cedo, pois íamos jantar eu um sky bar e depois balada. Mas estávamos mortos de cansados e dormimos das quatro da tarde de quinta até as quatro e meia da manhã de sexta. Foram doze horas de sono quase ininterruptos causados pela exaustão e pela necessidade de adaptação do fuso, dessa vez era nosso organismo que pedia um tempo e se encarregou de fazer isso ele mesmo. Acordamos descansados, mas a culpa nos consumiu por termos “perdido” uma noite da viagem. Outra dica? Limpe sua mente e saiba que os tailandeses dos filmes de Hollywood não são os cidadãos que habitam Bancoc e adjacências. E pra finalizar percebi que na Tailandia nem os cachorros tem pressa, mesmo quando ouvem a buzina de algum carro ou moto. Aqui o tempo opera em outra frequência e nela as pessoas são mais felizes.
Beijos e até Ko Samui!

2 comentários:

Dany disse...

Paula!!! Está sendo muito divertido acompanhar esta sua aventura! Estou adorando!

Sinthya disse...

Paulinha, adorei viajar com vc. Com certeza um dia conhecerei a China pessoalmente, pois minha mente ja esteve lá, graças aos seus relatos. Adorei a viagem...Bjim no coração.